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Quinta-feira, 20 de maio de 2010
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Bill Gates era um aplicado geniozinho de Harvard quando, em companhia do colega Paul Allen, fundou a Microsoft. A empresa tornou-se uma gigante global e Gates, um dos homens mais ricos do mundo. Richard Branson era um garoto disléxico com um pobre histórico escolar. Ele já tinha tentado a sorte no mundo dos negócios – ao se lançar, sem sucesso, às vendas de árvores de Natal e de periquitos – quando fundou a Virgin Records. A companhia diversificou-se para áreas tão diversas quanto a aviação comercial e a hotelaria e se tornou, assim, uma gigante global. Branson virou um dos homens mais ricos do mundo.
Históricos tão díspares quanto os de Bill Gates e Richard Branson, ambos bem-sucedidos, mostram que não há fórmula pronta para que um empreendedor prospere - ou, ao contrário, desponte para o esquecimento. A ausência de uma cartilha lógica, no entanto, não significa que as lições não podem ser assimiladas por pequenos empreendedores. O iG ouviu dez empresários que se tornaram casos de sucesso no Brasil para saber deles que lições gostariam de ter tido quando fundaram suas empresas.
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Alguns dos empreendedores mais veteranos relatam que, em seus primeiros momentos como novos empresários, acabaram confiando mais na intuição do que em conhecimento formal – até porque o momento da economia, e da educação, era outro no Brasil. Para alguns deles, lições adicionais no banco escolar teriam sido bem-vindas, mesmo que suas empresas tenham se saído muito bem.
“As decisões eram tomadas de forma intuitiva”, conta Walter Mueller, fundador da sexagenária fabricante de eletrodomésticos Mueller. “Eu tinha uma ferraria e certo dia vi uma máquina de lavar roupas em uma revista alemã. Graças ao sucesso da Pioneira, essa primeira máquina, meus filhos e netos puderam ter a educação que não tive”. A mesma linha de raciocínio é seguida por João Jacob Vontobel, fundador da Vonpar, empresa que fatura cerca de R$ 2 bilhões por ano e, entre outras frentes, atua como franqueada da Coca-Cola e distribuidora da Femsa no Sul do País. “Aprendi, empiricamente, com os erros e acertos”, diz ele.
Bill Gates: empreendedor que se tornou um dos maiores bilionários do mundo
A rotina de tentativas e erros dos que relatam que aprenderam muita coisa na prática mostrou outra faceta do mundo dos negócios para esses empreendedores: é preciso juntar armas para que a empresa vingue. Em outras palavras: concentrar o foco apenas em um lado do negócio é suicídio.
“A realidade mostra que o sucesso empresarial junta obstinação, disciplina, boa equipe e decisões inteligentes”, diz Camilo Cola, fundado da Itapemirim, uma das maiores empresas de transporte de passageiros do País (Cola cumpre atualmente mandato como deputado federal – PMDB-ES – e a empresa tem sido tocada pelo filho, que tem o nome do pai). “Acredito que a grande lição que eu poderia ter recebido há quase 30 anos é que a gestão do negócio é tão importante quanto o empreendedorismo, a criatividade e a tecnologia”, afirma Walter Torre, fundador da construtora WTorre. “Hoje percebo que esses quatro pontos caminhando juntos são o segredo das conquistas da empresa”.
Feeling
Muitos dos depoimentos tratam da importância do ensino formal e dos anos a mais de escola e faculdade que esses empresários gostariam de ter tido. Alguns desses empreendedores de sucesso relatam, contudo, que gostariam de ter aprendido também a ter o que, de maneira genérica, acaba por ser chamado de “feeling” para lidar com as pessoas e saber selecionar talentos.
“Gostaria de ter tido a experiência de escolher pessoas e de montar equipes, como a que temos hoje, mais cedo”, diz Marcos Molina que deixou o açougue do pai para criar a hoje multinacional Marfrig, do setor de carnes. “A melhor lição (seria) a de delegar funções”. O bom relacionamento com pessoas também é a lição que Paulo Bellini, fundador da fabricante de ônibus Marcopolo, gostaria de ter tido. “Com o tempo e a experiência, aprendi que tudo ‘acontece’ entre pessoas”, afirma.
Antes de dar certo no mundo dos negócios com a Virgin, o excêntrico empreendedor Richard Branson tentou a sorte vendendo periquitos e árvores de Natal
Muitos empreendedores confessam que gostariam de ter tido mais estudo. Não quer dizer que não possam sempre melhorar nesse quesito. "Aprendi no dia a dia e estou aprendendo até hoje”, afirma Ogari Pacheco, fundador e presidente da Cristália, um dos grandes laboratórios farmacêuticos de capital nacional.
Instrução sempre é bem-vinda e não tem limite de idade ou experiência nos negócios, seja qual for o empreendimento. Sobre isso o escritor francês Victor Hugo escreveu já no século XIX: "o homem culto sabe que ele é ignorante".
Fonte: IG