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Sexta-feira, 06 de dezembro de 2013
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A Secretaria de Estado da Saúde lançou nesta quinta-feira (5), em Curitiba, protocolo pioneiro no país que direciona o atendimento, diagnóstico e vigilância dos casos de intoxicação crônica por agrotóxico em todo o Estado. O documento servirá de base de procedimentos para profissionais das unidades de saúde.
“A intoxicação crônica é silenciosa e geralmente é diagnosticada tardiamente. Queremos reverter isso, diagnosticando o problema de forma precoce e iniciando o tratamento o mais cedo possível”, explicou o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto.
Esta é a primeira vez que um documento completo sobre o tema é organizado por um governo estadual. “Este protocolo será modelo para o país, visto que não há nada parecido no Brasil e o risco de intoxicação crônica por agrotóxico está presente em todas as regiões”, enfatizou o secretário.
CONSUMIDOR – O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e o Paraná é o terceiro do país, por conta da forte atividade agrícola. De 2007 a 2011, o Estado registrou média de 1.300 casos de intoxicações ao ano, sendo apenas 0,8% do tipo crônica.
Estima-se ainda que, anualmente, existam mais de 400 mil pessoas contaminadas por agrotóxicos no país, com cerca de 4 mil mortes. Apesar disso, o banco de dados do Ministério da Saúde registra apenas 7.676 casos e 204 mortes, segundo as informações de 2010. Esta subnotificação pode estar ligada à dificuldade de diagnóstico.
A intoxicação pode trazer danos à saúde do paciente e acarretar sequelas irreversíveis. Os problemas mais comuns são câncer, distúrbios de comportamento, problemas de pele e outros relacionados ao sistema neurológico, respiratório e digestivo.
ALERTA – Segundo o diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, José Lúcio dos Santos, o próximo passo agora é incorporar o protocolo nas unidades de saúde e hospitais inseridos nas regiões de risco. “É importante que o profissional fique atento aos sintomas e sinais de alerta apresentados pelo paciente. Caso a pessoa resida ou trabalhe em áreas que usem ou produzem agrotóxicos, é preciso que se faça o nexo causal”, destacou.
Entre as atividades e condições com maior risco de intoxicação estão trabalhadores da agricultura, indústria, comércio e transporte de agrotóxicos, jardinagem, pecuária, silvicultura, controle de endemias, vetores e pragas urbanas, bem como moradores do entorno de unidades produtivas e de manuseio de agrotóxicos.
No início de 2014, a Secretaria Estadual da Saúde vai iniciar o processo de capacitação dos profissionais da atenção primária para ampliar o alcance do protocolo. O objetivo será apresentar as informações do documento, tirar dúvidas dos profissionais e melhorar as condições de diagnóstico precoce deste tipo de intoxicação.
HISTÓRICO – A elaboração do protocolo foi coordenada pela professora Heloísa Pacheco Ferreira, referência nacional nesta área. Todo o trabalho foi realizado ao longo de dois anos e se baseou em um amplo estudo de campo realizado pela Secretaria Estadual da Saúde, em parceria com o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (NESC/UFPR), Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), além de profissionais do Hospital do Trabalhador, Hospital de Clínicas e secretarias municipais de Saúde de Curitiba, Céu Azul, Cascavel, Vera Cruz do Oeste e Anahy.
Fonte: Agência Estadual de Notícias