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O contra-ataque da dengue

Notifica?es da doen?a dobram no Brasil e casos confirmados crescem quatro vezes no Paran?, mas autoridades ainda evitam falar em epidemia

Sábado, 27 de fevereiro de 2010


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Foz do Iguaçu - Uma nova epidemia de dengue ameaça o Brasil e o Paraná este ano. A combinação de chuva, calor e a circulação do sorotipo Den-1, que havia 15 anos não se manifestava, são alguns dos fatores que podem levar a doença a disparar. Enquanto no Brasil o número de notificações dobrou nas primeiras semanas deste ano em relação a 2009, no Paraná os casos confirmados cresceram quatro vezes em 2010, em comparação com período semelhante do ano passado.

No estado, até o dia 19 de fevereiro deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou 530 casos, de 3.298 suspeitas registradas. O número de casos confirmados em um mês e meio de 2010 já é 420% maior que em dois meses e meio do ano passado: até 13 de março de 2009, o estado havia confirmado apenas 102 casos da doença. Enquanto no ano passado não houve registro de mortes por dengue no estado, este ano a doença já fez uma vítima fatal, em Londrina.

Segundo o Ministério da Saúde, os casos de dengue registrados no país neste ano, entre 1.º de janeiro e 13 de fevereiro, chegam a 108.640, um crescimento de 109% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram detectados 51.870 casos no país. Apenas cinco estados concentram o maior número de casos de dengue: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Acre, Mato Grosso e Goiás registraram 77.117 notificações, 71% do total nacional. Foram registradas no período 21 mortes, contra 32 em 2009. Mas os números podem aumentar porque alguns óbitos ainda não foram confirmados como casos de dengue.

Epidemia

Além da disparada no número de casos, o Paraná apresenta outra agravante este ano: 66 municípios têm índice de infestação do mosquito Aedes aegypti acima de 4%, ou seja, com risco alto de epidemia. O índice indica a porcentagem de focos do mosquito encontrados a cada grupo de 100 imóveis vistoriados. Na lista, referente ao mês de janeiro, a cidade com maior infestação é Doutor Camargo, com 24,60%, seguida por Porecatu (18,37%).

Diante desse quadro, o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, não descarta a possibilidade de epidemia. “Considerando o índice de infestação e a quantidade de mosquitos, há risco. Analisando a ocorrência de casos, ainda estamos em uma margem de segurança, muito embora o número de casos deste ano já é maior do que tínhamos no ano passado no mesmo período epidemiológico”, diz.

Apesar do aumento de mais de 100% dos casos da doença em 2010 no Brasil, o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, Giovanini Coelho, também descartou a ideia de epidemia. Para ele, há uma “situação de vulnerabilidade”. “Esses dados obviamente nos preocupam, mas eles se concentram em cinco estados das regiões Centro-Oeste e Norte do país”, argumentou.

Tipo 1

Além do clima, outro fator que ajudou a elevar o número de casos no país é a volta da dengue do tipo 1, que teve mais intensidade no fim da década de 1980, segundo Coelho. “Quando você tem uma população que nunca foi exposta a determinado tipo de vírus, a chance de epidemia é muito grande. E temos crianças e adultos jovens que nasceram após esse período em que houve maior circulação do tipo 1”, explicou Coelho.

A dengue tem 4 tipos de vírus, de Den-1 a Den-4. Quando o paciente tem a doença e se cura, fica imunizado apenas contra o tipo que o infectou – ele continua vulnerável aos outros tipos. O Den-4 nunca foi registrado no Brasil.

 

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